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Nessie

Este blog é sobre tudo e nada (a parte não filosófica da questão).

Nessie

Este blog é sobre tudo e nada (a parte não filosófica da questão).

Trambolhões.

Sempre fui uma criança problemática. E quando digo sempre, é sempre. Aos 15 dia de vida já andava com problemas respiratórios, a ir para o hospital. Cada vez que caía desmaiava, tinha crises de hipoglicémia, pedras nos rins, asma, febres altas, e para culminar tudo, um AVC aos 19 anos. 

 

Queixava-me de ir vezes sem conta para o hospital. Achava que a minha mãe estava a exagerar. Achava que o meu pai estava a exagerar. Uma vez até me escondi no quarto com uma cólica renal, e fiquei a aguentar a dor horas a fio.E com falta de ar...já tive mais de um dia a aguentar, e quando cheguei ao hospital já ia "côr de burro quando foge". E quando tive o AVC, no dia 8 de Março, pensei que ia ver o Benfica jogar contra o Ac Milan no Sábado a seguir. Mesmo a seguir ao AVC, quando tive de andar 2 anos a caminho de um hospital revoltei-me, porque achava que as crianças que estavam na mesma situação que eu mereciam mais aquelas 2 horas diárias que eu (sim, há crianças, bebés, que têm AVC). Era ingénua. Porque achava que era uma inutilidade ir/ficar no hospital, porque havia tanta gente a precisar mais de assistência. A minha mãe sofreu um bocadinho comigo (para compensar teve a minha irmã que nunca deu problemas rigorosamente nenhuns), passou muitas horas da vida dela numa cadeira de hospital. 

 

Ontem tive o maior susto da minha vida, e consequentemente a paga do destino. A minha filha caiu. Uma coisa normal. Anda sempre atarefada: põe boneca no quarto, traz boneca para a sala, põe os legos na sala, leva para o quarto...enfim...tem uma vida muito atarefada (não admira que durma tanto!). E de vez em quando lá lhe calha uma queda ou outra. Vem a correr para o meu colo, fica 1 minuto a chorar, e no minuto a seguir não foi nada com ela. Ontem foi exactamente igual. Ela sabe defender-se das quedas (muito mais inteligente que a mãe), coloca as mãos à frente para não bater com a cabeça. Não quer saber do que tem na mão. Larga e defende-se. Ontem foi diferente. Caiu e não largou o que trazia na mão, logo não se defendeu. logo bateu com a cabeça no chão. Aparentemente tudo normal...peguei nela ao colo, deitou a cabeça no meu ombro e quando me pediu para ir para o chão reparei num fio de sangue a correr no nariz. Tinha a minha camisola também com muito sangue. Está claro que o pânico se instalou em mim (mãe de primeira viagem, eu sei). A minha mãe veio logo cá a casa, o Pedro também veio do trabalho, e o Zé chegou em menos de 5 minutos. 

 

Eu e o Pedro fomos com ela para o hospital, a minha mãe e o Zé voltaram ao trabalho. A Leonor estava já bem-disposta. A minha mãe aproveitou para me dizer (claro!) que quando se é mãe as coisas mudam, e o que antes achávamos que era uma parvoíce, agora já não (eu estava a pensar exactamente no mesmo). Mesmo assim disse que pensava que não fazia sentido, porque as quedas são normais, e aquilo era só um corte, que a menina estava super bem-disposta e não lhe via diferença nenhuma e que as minhas quedas é que eram problemáticas, porque eu desmaiava e blá blá blá. Lá fomos. "Fez bem, mãe"- disse a pediatra - "nunca se sabe o que pode estar por trás de uma pancada na cabeça" - continuou. E eu fiquei mais feliz...afinal não sou médica. E mesmo que fosse..."em casa de ferreiro espeto de pau", já dizia o meu avô. 

 

Tivémos lá cerca de uma hora, e depois de ter feito todos os exames e mais alguns, viémos embora com a certeza de que não era nada de mais. Uma queda mais aparatosa e pronto. No final a Dra. disse-me: "Prepare-se mãe, que esta foi a primeira de muitas!".  Mal cheguei a casa a minha mãe diz-me: "É para veres que se vai com um filho ao fim do mundo se preciso for." Está bem mãe...já percebi a lição!

 

Vi a cor do sangue da minha filha pela primeira vez e não gostei...ia tendo um ataque cardíaco tal não foi o pânico que se instalou em mim...mas tudo está bem quando acaba bem, certo?

 

Beijinhos

 

 

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